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24/07/2019

O viver em coletividade

O viver em coletividade

O ser humano durante seu desenvolvimento evolutivo, para se proteger e defender das ameaças da natureza, encontrou na coletividade a força que precisava. Desde então, o passar do tempo apenas lapidou a máxima de que a vida, quando, em sociedade torna-se mais fácil.

 

Agrupamentos de pessoas, coletividades limitadas, tribos, vem balizando o desenvolvimento em sociedade. Do escambo com mercadorias, a troca de produtos e serviços por dinheiro. Das tribos, das aldeias das cidades a grande coletividade da era da informação, uma comunidade global onde todos estão próximos e ao mesmo tempo longe, onde estar ou não disponível é questão de conectar-se ou desconectar-se da internet, bastando colocar seu seletor em off ou o dispositivo em modo avião.

 

Com a evolução das técnicas construtivas, as comunidades foram cada vez ficando mais próximas, criando barreiras para a expansão social causada pelas grandes cidades.

 

Em prol da segurança foram surgindo os condomínios horizontais, onde seus moradores retornavam a pequenas tribos para se proteger sem, no entanto, estarem obrigados a uma convivência mais próxima pois normalmente se tratava de unidades autônomas onde o morador chegava em seu carro e isolava-se em um espaço totalmente funcional.

 

Com o passar dos anos, as construções verticais passaram a dominar a paisagem das grandes cidades e com ela o conceito efetivo de bem comum. Unidades autônomas cada dia mais reduzidas e áreas comuns cada vez mais valorizadas e aparelhadas.

 

Agora o homem buscava não apenas a tão sonhada segurança, como embarcava em uma convivência indivisível onde a única área exclusiva seria então o limite de sua unidade habitacional, sem as benesses de uma unidade horizontal.

 

Iniciava-se aí uma nova era onde o aprendizado se faria necessário e imprescindível. Viver em sociedade passava a ter uma nova forma, mais próxima, com contato quase que obrigatório e com a característica de total indivisibilidade do bem comum. Um movimento evolutivo na forma de se relacionar ou um retorno a época das tribos e aldeias?

 

As mudanças individuais necessárias para que esta forma de viver seja plena e feliz, são drásticas e de difícil implementação. Do simples cumprimento formal, ao ato de aguardar alguns segundos enquanto o vizinho chega ao elevador. Do apagar das luzes do salão de jogos ao fechar a porta da academia e devolver a chave.

 

São mudanças de comportamento que trazem para o dia a dia a necessidade de romper o individualismo. De exercitar o bom humor, de estender o conceito de coletividade.

 

A convivência efetiva sempre necessitou de regras claras para que o limite tênue do termino do direito de um e do início do direito do outro possa ser efetivamente identificado, além de bom senso de todos para que se mantenha um ambiente saudável e harmônico.

 

A sociedade precisa de regras, claras, efetivas e que gerem sanções proporcionais ao dano causado seja ele intencional ou não. Estas regras, no ambiente do condomínio devem estar previstas no regimento interno e serem do conhecimento de todos. Porém, sua aplicação não pode ser discricionária, o que vale para um deve valer para todos. Tarefa esta, a de fiscalizar e sancionar que, ao nosso ver, não pode ficar nas mãos de uma única pessoa pois se assim ocorrer, corre-se o risco de não serem aplicadas indistintamente já que pessoas criam naturalmente laços de simpatia ou aversão.

 

Um conselho responsável por analisar os casos controversos a luz do regimento interno, com a notificação do interessado e abertura de prazo para, caso queira, apresentar sua defesa, daria a estes procedimentos a transparência necessária, retirando a possível interpretação de "algo pessoal".

 

Este mesmo conselho poderia ser responsável por autorizar as despesas extraordinárias e a validar as despesas ordinárias, realizando inclusive cotações paralelas para validação dos valores.

 

Eleições para apenas dois anos, sem a possibilidade de reeleição, terceirização da atividade para um sindico profissional, com o uso de uma equipe de fiscalização, autorização e validação trariam mais profissionalismo e transparência a administração do bem comum.

 

Aquele simples bom dia, boa tarde ou boa noite, podem iniciar um processo de mudança saudável na vida em comunidades cada dia mais confinadas. Inicie agora esta mudança, olhe nos olhos e cumprimente seu vizinho, preste atenção ao estado de conservação do seu prédio, se interesse pelas despesas financeiras do mesmo, participe, afinal uma parte deste patrimônio pertence a você e sua família. Conserve-o, não se omita jamais.



Por: Alexis Fernandes, empresário e fundador da Proativo Administração de Condomínios, com mais de 30 anos de experiência no mercado de prestação de serviços de terceirização de mão.


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