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31/10/2019

Mercado de portaria remota prevê alta de 30% no Brasil até o próximo ano

Mercado de portaria remota prevê alta de 30% no Brasil até o próximo ano

Eduardo Lesina

 

Cumprimentar o porteiro ao ingressar em um condomínio é um costume que tem diminuído. Não por falta de educação, mas sim, pelo crescimento de uma nova forma de prestação do serviço: a portaria remota. Também conhecida como portaria virtual, o modelo prevê expansão de 30% no setor até 2020. O dado, levantado pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), revela o Rio Grande do Sul como terceiro maior polo de empresas da área.

 

A portaria remota, ou virtual, consiste na substituição do porteiro de condomínio por um sistema remoto que identifica o visitante, comunica o morador e concede ou não o acesso às dependências. Através de diversas câmeras posicionadas e conectadas com a central de operações da empresa contratada, o controle de entrada e saída é totalmente virtual. Para a vice-presidente de condomínios do Sindicato de Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi/RS), Simone Camargo, a expansão do mercado de portarias remotas é resultado de uma tendência que tem dominado o setor rapidamente.

 

Além da modernização e do seguimento da tendência de mercado, o maior indutor para a implementação das portarias remotas é a redução de gastos. "O custo de uma portaria 24 horas, com quatro pessoas, varia de R$ 18 mil a R$ 24 mil, em média. Indo para a portaria virtual, esse valor baixa para R$ 5 mil a R$ 9 mil, em média. Então temos uma queda considerável no valor", explica. Para Simone, os custos elevados em uma portaria tradicional se dão em razão das obrigações trabalhistas com uma pessoa física no local, representando um montante maior do que o serviço remoto. Conforme a vice-presidente, a portaria hoje representa entre 60% e 70% da taxa de condomínio, e o modelo virtual pode custar, em média, três vezes menos.

 

O levantamento da Abese, realizado com 145 empresas do setor em todo o Brasil, evidenciou a concentração do modelo nas regiões Sul e Sudeste. São Paulo reúne 43,5% das empresas, seguido pelo Paraná, com 13% e pelo Rio Grande do Sul, com 9,2%. A crise econômica e a consequente necessidade de baixar o custo do condomínio é um dos fatores que explicam o Rio Grande do Sul como terceiro maior polo do País.

 

Apesar da expectativa de avanço de 10% no setor para 2019, o estudo revelou que 76,5% das empresas  sofrem ou sofreram algum tipo de resistência por parte dos condomínios em relação ao modelo virtual. Conforme Simone, em empreendimentos maiores o modelo não tem tanta efetividade e, consequentemente, adesão: "o fluxo de pessoas é muito grande, com muita gente parada do lado de fora das dependências. Então, esse tipo de portaria virtual não tem servido com tanto êxito como nos condomínios menores", explica.

 

Em meio à transformação trazida pela tecnologia, os porteiros buscam se qualificar para não perder mais espaço. A comodidade, o conforto e o costume da presença do profissional são algumas das razões pelas quais muitos condomínios ainda resistem à mudança para o modelo virtual.

 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindef/RS), Edison Feijó, afirma que, mesmo sem números consolidados, já é perceptível a queda no número de trabalhadores no segmento. "O crescimento desse tipo de portaria prejudica muito a relação de trabalho e traz ainda mais informalidade", contesta Feijó.

 

A pesquisa da Abese também mostra que 34,5% das empresas que atuam com portaria remota já realizam modelos de requalificação dos porteiros para a portaria híbrida, quando o profissional atual no local junto com o sistema remoto, e outras áreas, como atendimento, assistência de manutenção e operadores remotos. Feijó lembra que no próprio sindicato se realizam cursos preparatórios e de reciclagem para profissionais e afirma: "não paramos no tempo".

 

Fonte: Jornal do Correio


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