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Gestor deve ser um mediador de conflitos ou executor administrativo

O Consultor - Ricardo Karpat

Principal referência nacional na formação de Síndicos Profissionais; Especialista em Recursos Humanos e Condomínios; Diretor da Gábor RH; Formado em Administração de Empresas pela FAAP; Pós Graduado em Marketing pela Universidade Mackenzie.


21/11/2018

Gestor deve ser um mediador de conflitos ou executor administrativo

Gestor deve ser um mediador de conflitos ou executor administrativo

Fui convidado para ministrar uma palestra em um dos mais respeitados eventos do segmento condominial no Brasil, a UnaSíndico, em Brasília.

 

É sempre uma honra ser convidado para participar como especialista em eventos de público tão selecionado, mas, por um momento, o prazer virou apreensão devido ao tema proposto: “O dilema da difícil execução de dupla função de mediador de conflitos e de executor das prioridades administrativas do síndico profissional.”

 

Por uma dúzia de vezes abri meu computador e tentei iniciar a estruturação da apresentação, mas não conseguia achar uma linha de raciocínio interessante.

 

O tema me tirou da zona de conforto. O que mais me dificultou foi a palavra dilema, porque quando pensamos em dilemas, pensamos em dois caminhos opostos e, nesse caso, seria ou ser um mediador de conflitos ou um executor de tarefas? Isso me incomodou, pois acredito que o síndico, ainda mais o profissional, deve realizar as duas tarefas.

 

Para tentar resolver esse problema recorri ao dicionário e encontrei a definição para a palavra dilema, o que me ajudou muito e foi a base da minha apresentação:

 

“Raciocínio que parte de premissas contraditórias e mutuamente excludentes, mas que paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão”. Sendo assim, por mais que pareçam excludentes, as duas opções do dilema são viáveis juntas e fundamentam a mesma conclusão: “Fazer o certo, do jeito certo”.

 

Fazer o certo é nossa obrigação moral e profissional. E fazer do jeito certo é termos cuidado e respeito com as pessoas que estão envolvidas, mediando assim conflitos. Pois não se enganem, aonde houver condomínios haverá pessoas, e onde há pessoas ocorrem conflitos.

 

Sendo você o síndico, é também o líder desta coletividade, sendo responsável, entre outras coisas, por tomardecisões e gerenciar (mediar) os conflitos.

 

Importante ter a ciência de que toda decisão pode ser (e muitas vezes é) a geração de novos conflitos. Pois a escolha por um caminho é a renegação de outros possíveis, que outros acreditam ser o correto, gerando assim insatisfação.

 

Neste momento, fiz uma pausa perante ao público de mais de 250 síndicos e os alertei, que caso não queiram gerar conflitos com suas decisões, que não sejam mais síndicos, nem líderes em empresas e nem constituam família.

 

Pois liderar é e sempre será tomar decisões que agradam alguns e desagradam outros, inclusive seus filhos, na condição de pais.

 

Agora vem uma pergunta difícil, que fiz ao público presente: o líder deve ser amado ou temido? Fiz essa pergunta pois a recebo periodicamente em minhas andanças pelo Brasil na atividade de palestrante.

 

A plateia se silenciou, na expectativa de minha resposta, que os surpreendeu. Expliquei que esta era uma herança do livro “O príncipe de Maquiavel”, escrito 500 anos atrás e que, embora seja um livro interessante, não deve servir de base de inspiração para suas atividades de líderes. O líder não deve ser nem amado, nem temido, o líder deve fazer o certo, do jeito certo.

 

E como citado anteriormente, com cuidado e carinho, agreguei que o jeito certo também necessita de técnica, conhecimento, experiência, tecnologia e imparcialidade. Por isso a justificativa de um síndico profissional preparado para exercer a função.

 

O síndico profissional tem, ou deveria ter, uma visão do condomínio como empresa.

 

Os condôminos são os acionistas, o corpo diretivo são dos diretores, o zelador é o gerente, a administradora é a consultoria e a valorização patrimonial é o lucro.

 

Após esse momento abordei alguns pontos importantes sobre tomada de decisão e mediação, salientando a importância da comunicação neste processo.

 

Para o sucesso do síndico, para o sucesso do líder, a comunicação eficaz é imprescindível.

 

Finalizei minha palestra, a qual foi considerada um sucesso, com uma frase de meu mestre, amigo e pai Gabriel Karpat: “Se na descrição das funções do síndico não incluía a mediação, é de se notar a crescente necessidade de atentar para essa nova tarefa”.

 

 

*Dr. Rodrigo Karpat, advogado militante na área cível há mais de 10 anos, é sócio fundador do escritório Karpat Sociedade de Advogados e considerado um dos maiores especialistas em direito imobiliário e em questões condominiais do país. Além de ministrar palestras e cursos em todo o Brasil, é colunista da ELEMIDIA, do site Síndico Net, do Jornal Folha do Síndico, do Condomínio em Ordem e de outros 50 veículos condominiais, além de ser consultor da Rádio Justiça de Brasília, do programa É de Casa da Rede Globo e apresenta o programa Vida em Condomínio da TV CRECI. É membro efetivo da comissão de Direito Condominial da OAB/SP.

 


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